O Ministério Público da Bahia (MP-BA) deu um prazo de 15 dias para que a cantora Claudia Leitte se manifeste sobre a troca do nome de um orixá em uma música apresentada em recentes shows. A substituição da menção a Iemanjá por Jesus gerou polêmica e levantou discussões sobre racismo religioso.
O MP-BA instaurou um inquérito para apurar o caso e agendou uma audiência pública para 27 de janeiro, em Salvador. A promotoria também ouvirá os compositores da música "Caranguejo", que sofreu a alteração.
A polêmica começou após vídeos mostrarem Claudia cantando “Eu canto meu Rei Yeshua” ao invés de “Saudando a rainha Iemanjá”, como originalmente escrito. A atitude foi criticada por líderes religiosos, intelectuais e o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, que classificou a ação como racismo religioso.
A cantora respondeu durante o Festival Virada Salvador, afirmando que “racismo é uma pauta para ser discutida com muita seriedade, não de forma tão superficial”. Ela não apresentou a música no evento.
O inquérito foi aberto após denúncia da Iyalorixá Jaciara Ribeiro e do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro). A promotoria busca apurar possíveis violações de direitos culturais e religiosos das comunidades de matriz africana, além de eventual responsabilização criminal.
Carlinhos Brown, mentor da Timbalada e anfitrião do espaço onde a polêmica começou, defendeu Claudia, afirmando que ela "não é racista" e que o local é "uma casa laica".
O debate nas redes sociais trouxe diferentes posicionamentos. Pedro Tourinho destacou a importância do respeito às religiões afro-brasileiras, enquanto Bárbara Carine, professora e vencedora do Prêmio Jabuti, classificou a ação como “racismo religioso” e “terrorismo cultural”.